domingo, 23 de dezembro de 2012

ULTIMOs MINUTOs


Os arranha-céus estão caindo
Palácios inteiros corroem
Enquanto nuvens ácidas passeiam pelo planeta
É hora de dizer eu te amo
É hora de proteger retratos
É a grande hora de ouvir pela ultima vez
Elis

E as águas engoliram
Litorais
E o fogo líquido igualaram
povos
E explosões claras buscaram os outros que sobraram
Tudo indo para ser eternidade no espaço
Poeira, poeira, poeria, poeira

E estarei confortável por termos sido um
maior do que o apocalipse.
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

CARNAVEL


Não pise, não
Que não vale as tuas penas
É pra pintar então, compra tinta, sim
Muda o cabelo, se precisar
E se quer ainda pinta os dentes de brigadeiro
Pra se rir com seu sorriso
De chocolate

Tropicalia-se
Coloca Gal na tua dor
Hermana-te
Elis tá no rádio

É dia de inventar
Um novo tipo de carnaval
Porque afinal
Sorri demais
É cegar-se das cores escuras.
domingo, 16 de dezembro de 2012

ISSO


O mundo diz desce
Sai do alto garoto
Quem é você? Quem é você
Quem você pensa que é?
Desce
Cabeça no chão
Do lado dos pés dos homens
Desce
O menino naquele instante de sabe de coisa ruim
Olha e tenta aproveitar
Gritam ainda mais: Desce
Ele tanta se segurar
Escorregadio
Mãos suadas
Cai
Cai
Cai
Cai
Cai
Cai
Cai
Cai num buraco e se plantou
Com poeira do tempo e lances do vento
Dizem que cresceu uma planta lá
“Tem nada não”
Plantar apontam pro céu.
segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

VIDA MATO, VIDA DE MATO


Morávamos no mato, eu, meu pai, minha mãe e nosso cachorro João. Comíamos muito bem, tinha a galinha com coentro com aquele caldo incrível que molhava o arroz e cheirava bem, contaminando de vontade toda a cozinha. A casa do mato, não tinha muitos moveis, nem eletrônicos. Em noite de lua clara, que azulava a mata escura, íamos para uma velha arvore morta que servia de sofá, meu pai deitava numa esteira de frente para mim e minha mãe, como se apreciasse a família que tinha, o João sentava do lado dele, sempre. Ele levava seu toca disco portátil, e tocava o disco da Maria Bethânia, que parecia narrar toda aquela dinâmica de viver da gente, e mais ainda, nos fazendo imaginar como era engraçado o além da mata escura. Éramos felizes, às vezes éramos mais ainda quando tomávamos banho de chuva e eu via meus pais se beijarem sem vergonha e naturalmente. Lembro-me perfeitamente do velho João chegando com meu pai, que trazia caças para minha mãe preparar. Eu não sofro com essas informações todas, que se pintam na minha cabeça em dias como esses, azuis, acredito que elas, todas elas, ainda existam e vivem em algum tempo, como um Deus, que recria várias vezes o mesmo mundo. Fomos felizes de maneira única. E somos. Eu sei. E eles também.

DOIS, UM QUASE ZERO



Meu amor é um grande sinal grudado à cabeça
Você viu e soube em todos os momentos
Eu sei, eu sei, eu sei, fomos eternos
E é isso que não entendo
Qual bicho? Qual mãe? Qual outra coisa qualquer
Te tomou tão inteiro de mim?
Por que não me procuras?
Sou o único louco que ama nessa narrativa quase épica
Se não fosse toda a tragédia que inspira e
Caminha somente ela, sozinha
Como eu, agora
Que queria tua presencia
Por mais imunda e ridícula que soasse
Para mim
Que cuido de mim
Desde criança
Talvez fosse o motivo
Dessa saga em tua busca da tua companhia
Do teu amor
Do teu rosto para beijar
Talvez o único motivo
Que eu quero você comigo pra sempre
Seja o porque fomos uma família
Qual eu não tive em patologia
Cuidávamo-nos, um do outro.
domingo, 2 de dezembro de 2012

RETRATO



Revelei minha dor
Mas a foto não prestou
Escuro demais
Triste demais
Sem luz
Mas pode-se emoldurar
E colocar pregado na escada
Ou na sala ao lado telefone
A foto embora ruim e escura
Canta
E num ritmo incrivelmente triste
E lindo.
sábado, 1 de dezembro de 2012

BALADA DO REI PERDIDO


Quero tua majestade secretar
Em pura pompa particular
Quero seguir a tua luz
Que pode transformar
A dor em entra coisa azul

Por que a vida é passageira
Se a noite ainda não acabou
Não temos uma felicidade inteira
Para ser jovens
Mas podemos voar, então

Eu ando pela linha inteira
Caminhão
Cimento
Avião
Tudo toca e eu levo comigo, em gravador
Não penses que posso ser quente a vida inteira
Se você mesmo já me assoprou

Não deixe para dor
Aquilo diferente
De sentir
Como o amor.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

VERDADE SECRETA


Quer saber minha verdade secreta, então tá, embora saiba que verdades são derrubadas, e de que pouco servem, aí vai: Eu não desisto. Eu corro muito. Luto sempre, por tudo (mesmo coisas pequenas, mesmo grandes). E nado. Nado. Nado. Nado até chegar. Se não chego, ou se saberei do momento exato da câimbra total, da fadiga absoluta dos músculos. Ainda sim não desisto, e sempre, e num momento absurdo de sanidade, aplicada, atiro meu corpo para a corrente mais próxima em direção à praia, ou pego carona numa onda e vou. E vou. E vou morrer na praia. É coisa de sobrevivente, sabe, mas é coisa também de terminar histórias, coisa de narrador. Quando acaba (acabo/morro) fico livre do resgaste, qual almejava. Estou, agora, boiando sob o sol quente com a boca ressecada, querendo aquele help. Acho que morrerei em breve, é, sim, eu quero. Já morri outras e foi até bom, liberar aquele precioso espeço no HD da vida, enterrar aquela parte minha que gemia e fedia, uma parte moribunda tuberculosa, cretina, que não pensava mais... E das partes que morreram, fora a histórias pra contar, eu guardo orações, ainda rezo, é verdade. E tem os retratos (alguns queimei). 
terça-feira, 27 de novembro de 2012

ALLOMZ

Não me coloque em altares

Não sou santo
Mas também o mal, eu não prático
Vou reto em zigue e zague
Maneira minha de ser e continuar
Embora lutos, embora prêmios
Eu lembro de você me olhando
E não olhando ao mesmo tempo, disfarce
Mas os dias e os discos arranharam
E o dia manhãceu
Eu manhãcei
E noitecei
E clareou algumas coisas
Outras todas, elas por elas se apagaram
É tarde para dizer que poderemos ser
Juntos
Já não estamos
Não me sonhe
O sonho é comigo
Deixe que eu sonhe por nós
sexta-feira, 23 de novembro de 2012

IMPOSSÍVEL CONTE O VENTO (VENTE-SE)

Sabe o que eu penso?
Nada
Nada
As coisas voando
O tempo voando
E não voando também
E eu mais que voando
Virando ar
Virando vendo e indo
Indo
E chegando
Em tudo
E sempre
Mesmo onde não me aguardam
E ora poeira
E ora chuva
E ora rostos e cabelos dançantes
Que procuram motivos pra dançar
E se rebelar
Como eu
Virando vento.  

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

AINDA SIM

Não posso de deixar de sentir sua presença, embora distância, barreira, pessoas, você ainda existe. Respira, come, trabalha, dorme... e eu sei, você vive. E talvez eu não, ainda. Mas eu melhoro. E poderemos, então, ser não mais que (doces e mentirosas) lembras (educadas para uma não grosseira troglodita).
quinta-feira, 15 de novembro de 2012

AE


Os astros precisam dormir sossegados
Ainda tem neguinho chorando de noite
E fingindo ser feliz de manhã, para a labuta passar sem perguntas
E ligeiro
É difícil viver com os pés no lugar das mãos
Mas eu sei me virar muito bem
Brasileiro é isso mesmo: Curupira, Saci Pererê
E a Iara
Fazer o quê?
Eu sei, eu sei: É pra ser feliz
Eu tô tentando, oras!
Deixa ae os astros dormirem sossegados
Ai quem sabe eu te ligo
Numa dia ae
Pra contar do dia
E mentir da noite.

ASSIM

O Teu nome é uma história
Imaginada
No mês de junho
Por um garoto
Que não
Conseguia
Dormi
segunda-feira, 12 de novembro de 2012

OU NÃO

E você percebe que as coisas simplesmente mudaram. Embora o azul continue sendo azul e o vermelho, vermelho. Você se olha no espelho e erra ao que a memoria não alcança. Entende? Não entenda. Essas coisas não são pra entender, é daquelas que sabemos sem saber, sabe? Numa quase personificação cômico-crítica de uma personagem do Ariano Suassuna. E eu detenho essa escrita inútil, pelo simples fato de que as coisas mudam, e se pra o bem ou pra o mal, não importa, seria outra história. Eu só estou assustado, num talvez processo já conhecido pelo Kafka ou não. Bom ou não. Não sei. Mudou tudo. Tudo. E o susto aumenta, ainda, porque não posso se quer esboçar um projeto contábil das coisas que mudaram. Talvez eu não me conheça o suficiente. Talvez sim e o algum medo secreto dite regras ou apenas esteja traumatizando o processo de reconhecimento.
...Talvez seja só drama meu mesmo.

GIM


e sim, você poderia existir
por aqui
perto aqui
logo aqui
onde estou

não, eu não poderia mais sofre
poderia me transformar
em água do mar, que deixa o sal
e vira chuva,
que anda no vento
e que te encontra
ou vive a te buscar

e o sol pode sim nos unir
logo a mim, que de ti, bem ou mal
vive assim
procurando pelo teu sinal
que de ti
não pra mim
mas assim
roubado por um instante muito louco
que passou. 
quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Que time é teu?


      Eu torço pra você. É sério, eu sempre estou do seu lado. Se você fecha os olhos poderá até sentir a minha respiração, como uma participação de força na sua longa e dura jornada, que talvez nem seja tão dura e longa assim, como é para o João Pé de Chão que cata papelão na rua para sustentar muitas pessoas que como ele tem o pé no chão. E mesmo parecendo um tanto comunista não o sou. Sou muito ao contrário, gosto do capitalismo, dou valor aquele filho do João Pé de Chão que fará, como muito sacrifício, uma faculdade e construirá uma família ou não, eu torço por ele também. Torço muito também para os cobradores de ônibus, especificamente, os que são atenciosos a informações sobre pontos de “onde-deve-se-descer.” Embora torcendo eu, para tanta coisa, posso garantir que não sou um bom torcedor de futebol – na verdade, odeio futebol. Pelo simples fato que enquanto eu em estado de exaltação, pro bem ou pro mal, estarei ficando cada vez menos rico (por não me ocupar) enquanto eles, os jogadores, empresários e Marias-Chuteiras estarão ficando mais ainda milionários. Será que eu torço pro time errado?
quarta-feira, 31 de outubro de 2012

pouco


e teu nome é pouco
e teu passado é pouco
e teu respirar, tua ausência
teu relógio, escapulário
rezas, santos
é tudo pouco
e pouco já acabou.
segunda-feira, 29 de outubro de 2012

TEUS


teus erros pequenos,
mas errados
sujos

A CIDADE TE COMEU PRIMEIRO



Desculpa se eu te arranho
Perdão pelas horas horrorosas e desprezíveis passadas em minha companhia
Com as quais você reviveria todas elas, eu sei
Devolvo todo ouro, toda prata, todas as terras e gados e plantações
Empenhadas ao meu nome pela mão direita
De senhas e assinaturas

Sei de tuas grutas
Donde brotas tu
Essência e liberdade escondida
Teus detalhes quais beije todos eles, meu amor
Sabias que teus erros eram todos erros somente
E os perdoei
Todos eles

Não morremos, amor
Apenas uma avalanche de circunstâncias absurdas caiu sobre nós
E estávamos longe demais para um abraço
Estamos separados
No duro e cru para sempre
terça-feira, 2 de outubro de 2012

ADEREÇO, eterno da vida


Sê a mesma coisa sempre... Não.
Lagarta
Esquece tudo
Transforme-se
Descobre-te casulo
Morre lagarta
Vira borboleta
Morre borboleta
Vira adubo
Morre adubo
Vira flor miúda
Morre flor
Vira adereço de moça bonita
Anda, vive sorriso.
sábado, 29 de setembro de 2012

E O FRIO?


Hoje olhei sua foto num ato escondido
De mim... de tudo
Que coisa louca é essa da vergonha
Sei não posso mais escrever amor e coisa e tal
Mas precisamos disso?
De vergonhas de lembranças de um sentimento que tivemos
Problemas vieram
E depois mais amor ainda
E a morte de algumas coisas
Mas tudo se encaixando na dinâmica louca da vida
Que mata e revive várias e várias vezes
Olha, acabou tudo
Mas
Deixa eu te ver em paz
De novo,
Num túmulo simbólico,
Num poema
Num música... filme
Deixa, esse poeta que tem preguiça de escrever
Pensar em você
Só pensar
Da forma que haja necessidade
Não se preocupe, que eu sei ligar a luz
Quando estiver com medo
Mesmo quando não há eletricidade nos fios
terça-feira, 11 de setembro de 2012

GAIOLA


Gaiola aberta
Ganhei o mundo, avoando pelo mata clara e escura
Tudo vento e brisa
Tudo folha, minhoca e formiga
Tão bom goiaba madura no pé esperando
Canto, canto, canto em todo canto
Mas pedra de “balinheira”, conhecida por saudade
Acha meu corpo, e depois de queda livre, acordo.
quarta-feira, 5 de setembro de 2012

ARTE

O osso é duro
Mas eu quero roer.
quarta-feira, 25 de julho de 2012

INVENTO


Posso te inventar um nome, na verdade
Um apelido unisex
Uma cor pra te lembrar
Um cheiro teu, diferente dos outros
Tua cara no meio da multidão
Um quadro teu redondo, pintado estilo Tarsila do Amaral
Posso ser você para saber onde estás, por onde vem e o que quer
E o que posso te dar
E o que posso te ter

Mas fecho portas
Portões, janelas , passagens
Deixando tudo surpresa
Novo, susto
Para uma única e incrível certeza
Nós dois pelados
E pela janela de vidro
Alguns astros curiosos e tarados.
quarta-feira, 11 de julho de 2012

ENTRE DOIS PONTOS


E o coração não entende mais nada
Mesmo seguindo a agenda, atendendo aos telefonemas
Que fazer se as horas continuam a passar?
E todo bicho, toda planta, toda espécie interagem
Morre hoje, e morre sempre o filho do homem
E o filho de Deus, que assume ele mesmo, sozinho, embora ordens atuantes
A cruz pregada à carne
O sangue pingando no chão
As mães chorando, chorando os irmãos,
Os pais não se mostram muito, mas chove
E a chuva que limpa tudo, e molha de doenças de inverno
As pessoas puras ou românticas
Tudo é cor e cheiro
E dor e riso
Sonhar pode ser luxo, e não sonhar pode ser saída
O que fazer se é quase carnaval no meu corpo, e eu me amarro a uma pessoa?
Se amanhã eu serei eu de novo, o filho adotivo de Deus
Quando é tempo de mandar uns poucos tomarem no cu
E outros dizer que ama na partida para um sonho maior
Minha mão escreve aqui e treme do peso
Minha mãe não entende nada, mas aceita e ajuda
Meus irmãos estão dentro da tv e da música barata
Meu pai está preso a sonhos desbotados
Deus Pai agora é Deus Brother
Maria cheia de graça toma minha mão
E não me deixa anunciar que o mundo irá acabar
Porque eu sempre soube da hora da transformação
E a gota cai/ e seca/ e sobe/ e de novo/ e de novo/ é tudo mentira.
Não quero mais escrever

Só dias entenderam este poema.
quinta-feira, 28 de junho de 2012

3X4

Queimei o seu 3x4 aqui dentro
lá fora choveu
mas molhou um pouco ainda aqui dentro
tem nada não
amanhã seca 
quarta-feira, 27 de junho de 2012

madrugada



Como 
dormir 
se a paixão
ronca 
bem alto. 
Ela anda sonhando com amor.

Te escrevo agora
Te escrevo nessa tentativa insana de te colocar aqui
Num momento
Num poema
Num esquema
Tão meu
E só meu
Você aqui
E talvez só aqui
Mas aqui, aqui, aqui,
E quantos aqui necessários para tornar você aqui
Uma opção
Você quase virou canção
Mas posso te ver aqui.
segunda-feira, 25 de junho de 2012

EU ESPERO


Não sei contabilizar
Eu me apaixonei de novo ou na verdade sempre gostei de você
As vezes eu quis ficar sozinho e deixei você me esperando
Inventei que tinha discos voadores do mal rodando minha rua
Mas agora eu só tenho cabeça para você

Beijo seu olho e você me beija depois
Na boca
Só que mais timidamente
Meio resistindo aos seus fantasmas internos

Queria uma outra vez
Outro dia a sós
E sei que posso te esperar por outra vida
Outros tempos
Não sei, mas chuto que nós já tivemos algo antes
Antes de nos conhecermos

Os seus braços me confortam
Mas é cedo demais pra dizer eu te amo
Eu nem sei de nada da gente
Ou sei tudo e não quero dizer
Talvez sejam meus sonhos cruéis e egoístas
De compra um carro, um apartamento e um cachorro
Mesmo sentindo que seria feliz com você em uma cidadezinha do sertão
Num quitinete com ar-condicionado.


sexta-feira, 22 de junho de 2012

EU VOU PARA O SÃO JOÃO



Hoje eu vou para festa de São João
E prometo ser o homem mais lindo e feliz
Embora você, embora mágoa e tristeza
Sairei de casa ao avesso de mim
Sorriso no rosto obrigatório
Se acaso precisar despirei meu corpo numa cama
Com a madrugada
E eu e os meus sinais
E o prazer quase de carnaval se não fosse o nome santo
Acontecerão
Assim pretendo
E tenho fé 
Maria, Nossa Senhora mora em mim
E o meu corpo não é pecado
Porque pecado, agora, é só amar você
Vou me concentrar em não te amar por hoje.
quarta-feira, 20 de junho de 2012

AGORA EU



Penso em você ou no suicídio
Não o de me matar
Mas o de amar, de deixar de ser um para ser dois
De usar o plural constantemente

Te deixo passar agora por mim
Vão lembranças
Bilhetes
Músicas
Ruas inteiras
O seu odeio da Maria Bethânia, a qual a amo
E Camille e Nina Simone só pra mim
Sem as justificativas recorrentes para “ela é doida?” e “é um homem?”
Eu e minha cultura que me cabe
Monet, Picasso, Tarsila
Eu amo a Tarsila do Amaral
Adoro falar dela e vê os desenhos redondos e me teletransportar
Para as ruas dos sítios, das cidadezinhas de interior
A grande metrópole
Comer o homem, eu aprendi com Ela
Adoro comer
Como, como, e como tudo que quero
E quem eu quero
Eu sou ou já fui a Tarsila do Amaral

Mas e você....
Você fica no final do poema
Que acaba como eu e você.
segunda-feira, 18 de junho de 2012

MÚSICA CALMA



Não sai palavras da boca da apresentadora
Os carros não tocam o chão fazendo barulho
Quem dança, dança rápido demais para ritmo calmo
As pessoas mais lentas e nem tristes e nem felizes

Tudo tão calmo e pardo  
Tudo azul grande e forte num zum
Ação cantada num tom alto
Mais alto que as ações escutam
Ou fingem escutar

E nesse descompasso
Eu passo eu fico me ligo
Um sonho assim roubado
Cecilia Meireles e o céu
Com ela a noite eu não consigo dormir

Indo em frente como em mim é involuntário
Que eu já não consigo mais sentir
E assim perdido ou achado
Continuo os passos todos eles por mim..

[e os dias e os astros e as cores dos céus, e tudo isso que eu tentei colocar aqui.].
terça-feira, 12 de junho de 2012

Carta Maligna de Amor

Campina Grande, 12 de junho de 2012

Ainda,
Escrevo-te porque te amo Ainda, e esse processo é difícil de entender. Irei explicar. É o seguinte, o ato de te escrever não é o mecânico e notório ato da escrita para alguém, essa carta não será enviada para você, não fará parte da coletânea mundana romântica de escreve carta para Alguém. Escrevo-te aqui como projeto simples e catártico, de extinguir sua imagem nos meus dias e pensamentos, de informar meu emaranhado de neurônios que você não existe mais em minha vida e por isso pedir para eles usarem o bom senso e parar de vez com os sonhos românticos e amorosos. Isso mesmo, porque romântico é uma coisa e amoroso é outra.
Você sempre se conteve em ser amoroso comigo. Eu sempre beijando seus olhos e provocando participações, as quais nunca existiram.
Se te amo agora, é por insistência do sentimento da teimosia. Você não me quer e deixou isso bem claro no email, que me mandou por ultimo. Eu engoli cada palavra e depois vomitei, ou defequei... Acho que defequei mesmo aquele seu email, porque tenho certeza que ele passou pelo meu estômago provocando a estranha gastrite que menti para todos dizendo que era estresse, e nem era, nem era estresse, era amor, ou mau amor, ou não amor comigo mesmo.
Mas sei que estou mudando, as vezes me pego me paquerando um pouco. Dei de comer ao meu corpo e arrumei diversão pra ele esses dias. Você poderia morrer de ciúmes e inveja se soubesse o que eu fiz... Fui até feliz esses dias, muito feliz, gritei de felicidade, mas o ponto alto desse gráfico desse sentimento tinha uma proximidade íntima com o desespero.
E trabalho constantemente contra o verbo da vingança, pensamentos como “eu quero que você morra” ou pensar em atirar em você antes de dormir são trocados com orações e intimidades com Deus. Esse que se mostrou um grande amigo, e irmão. Acho que evolui um pouco, em pensar em Deus como irmão e não como pai. Talvez ele me recompense por isso, em fazê-lo rejuvenescer uns milênios.
E ao seu novo amor, que sei que tem um dos meus nomes, além da morte e desastre desejo felicidade. Nessa confusão louca e absurda de me sentir substituído por cor, tamanho e nome. Procuro não pensar nessa alma, que nem sonha ser o substituto escolhido, o qual a distância o elegeu como dublê.  E assim eu assumo todos os meus sentimentos menos a pena. Condeno a pena, se eu senti-la terei vergonha e não direi.
Caso um dia você leia essa carta, e espero que você a leia mesmo, espero estar totalmente livre, como os bilhetes e dedicatória de amor que você fez pra mim, e que estão agora no lixo, sendo reciclado por alguma cooperativa de catadores.  

O diabo me perseguindo, 
A. F.


domingo, 10 de junho de 2012

[O símbolo matemático de não pertence dá título a este poema.


Passado o teu caminho
Eu num caminhão indo pro norte
Sou destino e coragem
Uma noite numa pousada e alguns mosquitos
E posso ser ainda mais eu
Tomando sozinho um café de manhã
Na Bahia
Ou em Belém
E você em Brasília com seu novo amor
Mofando nas coisas pequenas que você gosta e prega
E a luz nova que me clareia
Molha o meu caminho de esperança e descoberta
Deixo-te em lembrança morta
Rasgado todo junto do bilhetinho de amor que ganhei no meu aniversário
E jogue no lixo.

[O símbolo matemático de não pertence dá título a este poema.]
quarta-feira, 6 de junho de 2012

CG


Teus sentimentos andam perdidos pelo céu de Campina Grande
Numa manhã da Paraíba com nuvens azul-cinzentas
É difícil pensar em você, necessito de antiácido e chocolates
Você mora em algum lugar longe de mim
E o mundo acontece triste por isso
Mas acontece, e ninguém o evita
Os santos não entendem
Deus não se cuida em explicar
Será que você morreu, meu bem?!
Pergunto, e sei a resposta
Mas ainda te sinto a noite, a tarde, e todas as manhãs
Numa ordem absurda
Nunca ordem maldita
Ditada pelo coração

E os discos voadores ainda voam por aqui
Nesta cidade de nostalgia romântica com balões de são joão
segunda-feira, 28 de maio de 2012

Cada mentira anunciada
Com tendência a verdade desesperada
Tenha sido na verdade
Ponte falida
Que não levou a outro lugar,
Só causou acidente. 
quarta-feira, 23 de maio de 2012

SEGREDO NOTÓRIO



Não faltará a possibilidade de ser eu teu, de novo
Outros domingos
Outros jantares
Transas de madrugada ou rapinhas na hora almoço
Tudo cor e cheiro
E olhos virando nuvens
Tudo da gente
Não faltará nova chance
Mas eu estou indo embora

Deixo essa dúvida para você matutar
Um será maior que possa imaginar
De tirar o sono
Eu vou
Agora
E quem sabe 
Outra vida
Outro sonho
Outro encontro
Outras cores
E tu falando aquilo no meu ouvido
O segredo notório entre os casais mais quentes. 

TE


Te escrevo.
Te penso.
Te deixo
guardado
no armário
e num poema.

QUERER



Pele quer pele
Coisa de ter e pensar que tem
Mistura estranha explosiva de fluidos corporais
Olho no olho, na bunda e as mãos atrevidas se permitem
Percorrer e andar e nadar e mergulhar e suar junto
Com todos os membros
Que querem ser parte de um todo que cresce e se soma
Se aumentando e transformando
Em coisa estranha e nova
E vira outra canção de amor.

JUSTIFICATIVA


muito do seu perigo eu sei
coisas que estão entre o azul e o vermelho

perece que não conseguirei dormir
tá tudo querendo uma resposta, justificativa
será que somos atores dessa peça maluca?
ou foi amor mal amado que aconteceu?

quando eu ando
eu caminho por mundo outros loucos diferentes
me permito ser outros
para não ser o mesmo azul de sempre
e outras cores exigem outros cheiros
outras texturas,
outras interações
e eu deixo acontecer.

será que vamos ficar assim um e outro
calados
?
será que a distância ela mesma venceu?
será que fui de ti, realmente roubado?
ou foi uma estranha e batida condição obrigatória de outras vidas
nos apaixonar?

e eu
fico
sozinho
pensando em você
queria
uma resposta
doce e sincera
pra acalmar
essas minha mão
tristes
e
apressadas
que tocam
música
antigas
e
sambas
nas coisas
pra
passar
o
tempo
que
quer te passar...
amor.
sexta-feira, 18 de maio de 2012

AINDA

Você ainda é presente em mim
Embora espaços vazios te denunciam em condição
Não há mais o cheiro
E os carinhos
Só duras e cortantes lembranças
Sem cor
Sem cheiro
Geladas

Você não vem mais pra mim
E é quase seu aniversário
Queria tanto ouvir sua voz
Escutar o silêncio que cerca também quando não há palavras
O que fazer?
Ao menos te perdoou
E falo a verdade aos meus amigos
Que estou sofrendo pela sua ausência
Mas que irá passar

Vou me curar de você.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

MUDANÇA


Ele chorou até cansar naquela noite; na outra enquanto se ouvia uma música da Bethânia, daquelas bem melosas, chorou de novo, mas no tempo certo da música: exatos três minutos e cinquenta e cinco segundos. Estava perfeito. Nem lenços, nem vergonha, nem mais nada da ordem de tristes. Nele tinha, agora, outra cor, outro tom, outro-outro. Tudo nele estava maior. Ele tinha mudado e sabia disso. Nunca mais chorou por amor.
terça-feira, 15 de maio de 2012

AÍ QUE DOR



Inovador
Uma nova dor
Outro amor
Ou compositor
De outra dor
Outro amor
Que com ardor
Transformador
Muda aquela dor
De corredor
Circuladô

FORRÓ DO DESMANTELO



Morena se tu gostas vem que tem
Se tu curte um chamego vem que tem
Se me acha essa coisa toda vem que tem
Se quando treme as perninhas o folego já não tem
Vem que tem
E fica louca vira bicho, vem que tem
Vem com sede vem neném

Oh morena tu não sabe que eu adivinho teus desejos
Os todos os teus gostos todos-todos, teus agrados, tuas manhas vem que tem

Nessa noite toda quente
Nessa noite toda ardente tu me vem
Com o teu cheiro bem gostoso
Oh morena vem que tem
Vem que tem

E se tu ficas uma semana
Sem vir pra o forró
Eu fico louco é de desejo
Fico outro viro um nó

Oh morena vem logo, vem pra esse desmantelo
Vem simbora, vem voando
Vem atrás do seu apego
Vem correndo, vem táxi, moto-táxi vem ligeiro
Vem morena, moreninha vem pra esse desmantelo

MEDO DO AGRICULTOR




A saudade da mata me toma aqui na cidade
Obrigado a pena, ficar nesta casa capital
Longe do barulho menor e mais forte, bravo da mata
Pra mó de eu não morrer

Mas eu aqui longe da mata
A saudade me toma e quase me mata
Quando vejo o céu que lá é mais meu
Que lá é mais azul e a luz da lua mais luz da lua
Tudo cru, e plantado e crescendo
O boi, a galinha, a mulher

A saudade da mata me mata
Se não me disserem que volto
Eu morro de novo
domingo, 6 de maio de 2012

ESPELHO BANDIDO




Espelho bandido ainda te digo
Sou teu amigo, me responde
Por onde que anda aquele menino
Ainda tão vivo
Que nasceu em mim

Tu pregas uma peça
Me faz mentiroso
Um louco varrido
Eu juro sou teu amigo
Espelho bandido de um motel
Que passas tímido, vitrine
Que fica calado: espelho quebrado
Que olha de volta espelho, proposta de manhã

Não julgo tua logica
Teu jeito absurdo
Te faço maluco rindo contigo sem razão

No meu desaforo te cubro, ignoro
Reflexo escondido, trancado, com uma toalha molhada

Mas espelho bandido
Não sou um perigo
Perigo é você mostrar essas coisas sem razão
Jamais ousaria, te por em abismo
Me cair contigo: quebrar em outros tantos
Perdendo e ganhando maldição

O tempo safado te dita, e tu apaixonado por ele
O segui
Poderias ser teu próprio chefão
Não julgo tua lógica precisa
E deixo teu nome bandido, por seu teu amigo,
Se raiva somente tu serias palavrão.
sexta-feira, 4 de maio de 2012

PERMISSÃO



Deus, acredito somente no senhor como forma maior e única de poder e relevância religiosa, minha fé é sua. Mas me permita direcionar a Dionísio e culpa-lo pelos sonhos ainda com a mesma pessoa. Meu corpo já sabe, minha mente, meus amigos, tudo está de acorda com as penas românticas que possuo, o sonho é que entra incoerentemente e conta com o passado prometendo futuro lindo. Coisa inaceitável. Preciso explicar mais uma vez a Dionísio o que está acontecendo e caso não cumprido, condená-lo, na minha condição humana ignorante, de agir contra minha integridade emocional. 
terça-feira, 1 de maio de 2012

MINTAS


Quando te perguntarem sobre teu coração e certidões íntimas de compromisso: mintas. Não deixe nosso amor atrapalhar mais ainda tua vida, que se perdeu por instantes com a minha, numa profunda e avassaladora paixão, que se obrigou a se vestir de saudade e distância. Não queiras ser nome em personagem de história de amor, que não dá certo. Vamos ser mentira. Inteiras e distantes mentiras necessárias. O amor nos deixou.

terça-feira, 24 de abril de 2012

EXPLICAÇÃO



Não espero:
Não quero mais:
Não desejo abertamente, exceto os segredos:
Não escrevo,
Não escrevendo tenho a ausência:
Que é a morte de tudo:
Ponto final de cada oração.
Amém.
segunda-feira, 23 de abril de 2012

VOCÊ NA SUA




Nada quase nada
E olha o que restou
Passado numa foto minha que você tirou
Eu anuncio um nada e você: nada faz
O coração fica parado indignado
Sem sabe como proceder
Você na sua

Será que sou eu o único maluco aqui?
Você nem diz que vai, que vem, nem nada, nem desdiz
Será que estamos mesmos condenados a viver tão longe de nós?
Será que essa história de moça-nova chegou ao fim?

Quem pode pensar em você assim: azul?
Quem pode contar que te ama, bêbado, de madrugada num telefonema pra ti?
Quem pode descobrir tuas manias insanas e ridículas sem fim?
Quem rasga os teus bilhetes rosas de raiva e põe a culpa em ti?

Será que estamos mesmos condenados a viver tão longe de nós?
Será que essa história de moça-nova chegou ao fim?
[Quem pode?] Qual autor cruel pode autorizar o nosso fim?
domingo, 22 de abril de 2012

SUA ALEGRIA

É maior isso que você tem ai
Tanto que não cabe direito em você
Fica vazando
Pingando
Suja todo o ambiente
As pessoas se assustam
Absorvem um pouco
Até chegar a parte da ignorância
Como não há o conter de valorização
Sua felicidade perecível apodrece. 

sexta-feira, 20 de abril de 2012

BOBAGEM



Viraste resposta
Quando era pra ser só pergunta
Coisas entre ‘como foi seu dia hoje?’ Ou ‘você está com fome, jantou?’
O quebra-cabeça há de refazer outras vezes
Com outras pessoas a se montar
Espero.

Mas todas essas pragas de velha cigana
Que te rogo
As maldições gregas,
Os desejos de morte
Que tive e que agora se calam e se nomeiam bobagem
Denuncia o bem quero
E o certo e merecido
Adeus.
quinta-feira, 19 de abril de 2012

UM OUTRO TEXTO DE AMOR



Não digas mais o meu nome
Tu, pedra, rolaste
O teu cheiro sumiu no espaço
O teu perigo foi conhecido
Te evitam
Eu dei a mão, o braço, você pegou,
Mas se jogou de novo na água suja do seu destino
Você perdeu o bote,
Estou partindo, partindo, partindo
E nem adeus
Estamos longe
Você é avesso, do avesso, do avesso do mil avesso
E nunca é nada
Você padece, é perecível
Sua cor desbotada
Você tem nada, tem nada, e quer tudo
Você tem
É feio isso ai que você mostra
Você procura um nome, não encontra
É feio, é feio, é feio e
Nem é legal
Uma avalanche te soterra
Você no breu fica no breu
Nossa Senhora me entende
Ela lamenta por você
E lamento você fica, retrato
RETRATO
Você tem uma laranja podre na mão.
domingo, 15 de abril de 2012

MILORD

Quando ele entra algo logo se sente
Ele é dono, é dono, é filho do dono
Tem permissão falsificada
Tem direito
É merecido
É grande
É pequeno
É nada e tudo
E tudo e tudo, é nada
Muito, pouco, nunca no meio
Nunca em cima lá daquele muro
Ele é o muro que tenta separar o podre do de se comer


Um pé lá e outro cá
Participa
Verbo, palavra 
Ele coloca os pontos finais
Ele inventa
Cria, coisa de filho do dono
Quando ele chora
Nossa Senhora chora junto
Ele é queridinho das mulheres
E dos homens de pensamentos acíclicos
Ele é reviravolta
Vingança e Justiça certa
Ele esquece, esquecendo ele mata, matando some, 
somete tudo, tudo muda
Ele mesmo até muda
Mas é subindo
Aumentando, esticando
Criando-se em ar, espaço, âmbito
Ele tem o que nem sabe o que tem
Ele tem o sorriso poderoso
Capaz de roubar o coração do diabo
Aquele sorriso imitando de Deus
Seu Pai, Filho, Irmão e Amante
Secreto.]

COBRA


Te deixo ai mesmo
Nem sobre, nem exposto
Enterrado.
Tu mesmo cobra cascavel
Cobra sucuri
Cobra naja fatal
Quase Gal, se não fosse a parede que tem na sua frente
-como pode deixar um amor assim sob o sol ressecando?
 E agora?! Ficas ai, e eu fico onde o vento do norte me levar.
segunda-feira, 2 de abril de 2012

O PALAVRÃO DIVINO


Foi Deus quem pegou na minha mão e colocou embaixo da minha cueca
Antes disso estaria uivando com uma pessoa desconhecida
Lambando, cheirando, rasgando, tudo saliva, sangue e secreção pura,
Aquela, a branca]
Foi Deus quem me disse que não sou animal comum
Penso, logo gozo com tua imagem na minha cabeça
É quase um palavrão divino, o verbo gozar.

UM DIA NO SÍTIO



Juliana dormia na rede
Teresinha cantava na cozinha
Pedrinho deitava na sala
Nena, Juana e Maria costuravam de prenda sabida
Marcelinho com Tonho pescando
Era dia, tinha vaca, cabrito e cavalo
E os pais brincando no mato.

SONHO ÍNTIMO DO SERTÃO



A terra do sertão fica vermelha quando se molha, é uma relação sexual da água com substância tão antiga chamada de chão. Passas sempre longas estações distante daquilo que já se foi orgânico: o sertão foi mesmo mar. O caboclo, não sabe. A lavadeira não sabe. A criança brincando com a boneca de milho não sabe. Não se sonham muito além da porteira, e muitos nem conhecem o mar, a não ser naquela noite longa de luar sobre a plantação molhada, tudo azul, onde o sertão sonha com o passado.
quinta-feira, 29 de março de 2012

ABRE-TE




Ajoelha-te de Sésamo
Triste fortão que quer me dar
Abre tuas cavernas secretas
No nosso segredo mais lindo
E íntimo

Passado teu fogo
Te invento um conto
Pra tu que me amas demais
Tu é, tu é edifício
É difícil de te contar
Essas mentiras lindas

Ajoelha-te Napoleão
Agradece o ferro que te ferre
E tira sangue
Me beija
Me favorece
Nessa história de fogo
Tua carne tremida eu seguro
E assopro

Agradece a Deus, eu
Nero: incendiário de colchões masculinos
Num fogo azul alimentado por cachaça
Eu suspiro, eu como, eu chupo
E quero sempre mais

Tu nem é grande, Alexandre
Mas tu aguenta sorrindo um exército
Nem percebe que eu te invento único
Tua barba, tua cara de mau
Te derrubo e te engulo
Tua força é meu fel

Língua
Pele
Boca
Dente
Boca
Gemido
Escuro
Escuro
Comida
Prova
Provo
Segredo
Absurdo
Atiro
Eu derrubo, abatido, é meu.
Te como.



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