quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

PARA UMA AMIGA QUE ROUBOU O MEU NOME

Tira-me daqui não posso seguir desse jeito, com tanta coisa em minhas costas.
Usa essa flor costurada na sua camisa, usa como amuleto de sorte para me raptar dos meus dias mornos.
Vem com um aspirador fatal, e um balde de água com produto de limpeza, precisamos limpar tudo, você pode me ajudar?
Tem um nome aqui na minha agenda que me perturba, que me tira o sono. Eu não tenho forças para apagar... Por favor.
Vamos até onde der. Mas vamos infinitos, preparados para tudo: uma bomba atômica ou piolho de cobra amarelo, (morro de medo de piolhos, mas daria meu sangue para ele não roubar o seu.)
De tarde ficamos na presença de Adélia Prado, Fernanda Young e Drummond. Na ordem justa, que eu insisto: eu depois você, depois eu depois você.
Venha e traga seu sorriso mais descontrolado, o que você só usa nos finais de semanas.
O Sr. Brigadeiro de Panela, aguarda sua presença. 
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

UM POEMA À LUCIANA AVELINO DA SILVA


Cortei meu dedo. Cortei minha honestidade.
Sou poluído, sou profanado.
O nome é Carcará.
Tenho um diamante falso, e um cavalo esperando para fugir a galope.
O abacaxi explodiu na minha mão, e você só falava do quanto era feliz na sua igreja.
Você rio do meu Picasso, achou feio minha Tarsila do Amaral.

Eu sou Fernanda Young, o homem é Castro Alves, o meu homem
É aquele que você colocou na fogueira por gostar de negros.
Eu sou negro. Você é negro. O meu orixá é Jesus.

Você lavou suas mãos para encobrir toda a sujeira, e não ficou nada.
Poesia não é fazer das sujeiras mãos, é ser a sujeira, e não esconder sua forma natural. Glorificando-a.

O passarinho fugiu porque não gostava da sua energia,
Tem ouro, tem ouro no chão da fé do Vaticano, e você não o evita e pisa nele.
E você sabe que batendo em um irmão, os outros vêm te pegar.
Porque o gordinho que era Mario de Sá Carneiro, e o Maguinho que era o Fernando Pessoa. Riram da sua fotografia artificial e da sua metodologia de ensinar sentimentos.

O que faz um menino que tem que imaginar que é outro pra conseguir dormir?
E sonha que é um X-Men?
Não tem nada, porque ninguém sabe.

O meu nome é Allan Fernando, mas pode ser Alan somente. 
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

ESPELHO MEU


Você não existe.
Seu nome foi inventado. Surgiu de um erro, e você deu todo o suporte para que ele continuasse a existir.
Teu passado mais negro que a luva de um assassino,
Ficou apenas na memória mal cheirosa, mofada.

Uma cicatriz não é nada perante uma mentira bem contada,
Não é mesmo?!

Não foste, não fizeste, não ganhaste.
Mas sonhaste, aquele sonho maior que a realidade.
O coração batia e lágrimas desciam por dentro, e você com aquele aberto sorriso, perfeito.
Menino lindo, menino triste, menino educado.
Qual santo? Qual mãe? Qual estória? Precisa para tanto texto?
Um rio, que não tem água, uma cidade que não tem lógica, uma lembrança roubada, um sonho maluco, um leão assassinado, um beijo, uma noite. Foi tudo cenário?

Antes de dormir ele fala: “Abre-te de Sésamo! Porta imaginada, e me teletransporta para onde ninguém conheça o meu nome.”
terça-feira, 23 de novembro de 2010

FELIZ ANIVERSÁRIO

Eles levaram tudo que custava algum dinheiro.
Agora só me resta essas palavras no seu aniversário.
Meu maior presente é sentimento aplicado num papal com tinta.
Minha letra é não boa. Mas as palavras de tão pesada fazem-se valer no peso do ouro.
Você pode vender se quiser. Você pode emoldurar e por na parede para todos.
Você pode até rasgar, se preferi.

No primeiro ano não pensava em nós. Era como se estivesse doente da cabeça.
Era apenas dia após dia. Hoje tem aquele lance de ontem, hoje e amanhã.
Não queria escrever sobre amanhã. Não queria nem pensar.
Mas é inevitável, escrever esperando efeito.
Amanhã bem cedinho te mando outro cartão dizendo, pela letra de uma música de Roberto Carlos, que a culpa foi sua.
Sempre estive do seu lado. Mesmo certo. Mesmo em João Pessoa na casa da minha tia.
A que você acha doida e dramática, você diz que toda minha família é.
Mas é você quem adora um drama.


Por fim. Está tudo bem comigo.
Um feliz aniversário, de alguém que te ama na lembrança do existir.

DISPARADA DO AGORA

Se arrependimento matasse, estava condenado à cadeira elétrica.
Andar pelas ruas sem nada nos bolsos e na mente foi apenas terapia.
Álcool para limpar minhas feridas: Curar aquilo tudo que estava doente

Estarei desaparecido pelos próximos três meses.
Não importa quantos nomes terei à noite.
Ser livre implica em ser muitos. Ao menos na teoria noturna.

Ninguém para perguntar onde estou.
Andando pelas ruas me sinto livre. Esperando o disco voador no ponto de ônibus.
Não me liguem. Meu celular não atende como antes, ele não toca no fundo do aquário.

Álcool para limpar minhas feridas. Preciso de uma aspirina e muita água para hidratar minha moral.
Um pedaço de panetone duro no almoço é tudo que eu tenho agora.
Um dia sempre teve 24 horas, e só agora isso parece fazer sentido.
Preciso terminar logo este email, o mundo me chamou.
sábado, 20 de novembro de 2010

LEVANTA


Levanta que eu te chamo.
Levanta agora, que te redijo em oração um pedido.
Levanta como levanta para comer.
É comida e bebida que te ofereço.
A palavra que vem de dentro, comível palavra.
Que transborda o quarto, e o Brasil.
País esse religioso que chora por Cristo.
Levanta.
O amor te chama pela minha boca.
O prazer, assim meio grego antigo, é o que nos leva pra o além, e nem estaremos mortos.
quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O CUBISTA DESESPERADO


Os quadrângulos do meu quarto anunciam que sou cubista.
Se pudesse compraria um Picasso,
mas não posso e fico olhando
os quatro cantos do meu quarto.

Tem uma TV quadrada
com um DVD
em cima de uma cômoda,
com gavetas
tudo retangular.

As fotos retangulares,
no mural de fotos retângulo
Na parede retangular.
Fazem-se cenário na minha história de vida
quadrada.
quarta-feira, 10 de novembro de 2010

DONO


Reparastes que o sol brilha mais?
Não vê esse sorriso desconcertante que insistem meus lábios?
O livro de poesia não foi comprado em vão.
Será mais uma história de amor?
Um romance romântico comprado em livraria, que reflete mais do que espelho?

Tem uma mulher que canta nos meus ouvidos.
Uma com voz romântica e antiga.
Seu nome começa com “M” e termina com Bethânia.
Faz-se presente como uma trilha sonora de filme. Romântico.

Vou compor umas músicas e gravar,
Como quem faz uma obra de arte pra humanidade,
Vou cantar a mais linda e nova história de amor.

Vou pegar teu nome e escrever no meu livro
E desenhar teu nariz em algumas folhas de caderno, para dar movimento.
Vou deixar teu nome como primeiro contato na minha agenda.
Tudo isso
Mas se ousar dar um passo fora da história
ou interagir com personagens efêmeros:
Uso fogo pra acabar com tudo
Não caberia destinos tão cruéis para os meus protagonistas.
Não haveria obra, nem muito menos correção.

Se quiser posso te deixar na história,
Feita pra boi dormir, ou um romance vanguardista com novos estilos.

Dou-te uma flor e tu me dás um beijo.
Levo-te de noite pra outro mundo, enquanto o mundo explode.
Uma flor eu te dou. Tu me dás um beijo.
Só basta isso, e isso talvez nem rime.
quinta-feira, 4 de novembro de 2010

DRUMMOND NÃO DISSE (E AGORA CAMILLA?!)

E agora Camilla? A lágrima desceu, secou.
O riso cessou.
O ônibus demora.
Você me olha e não diz nada.

E agora Camilla?!
E agora, E agora?
E agora nada.
E agora nunca.
Foi tudo Theato, com th?
Foi tudo mentira pra criança ir pra cama?

A professora correu.
A turma comentou.
Você cessou.
Mas você não cessa.
Se você corresse.
Se você ficasse em casa os finais de semana.
Mas você não fica.

E agora Camilla?!

Camilla. Olha.
Lá vem o ônibus.
Camilla você quer ir no ônibus.
Camilla?!
Que ônibus?
Camilla.
E
Para onde?
quinta-feira, 28 de outubro de 2010

APARELHO ORTODÔNTICO

O dor voltou a rondar meus dias
Ferros de metal foram arquitetados na minha boca.
Sinto pontas como agulhas,
gosto de sangue
Minha voz mudou, um tom de tristeza ficou mais evidente nos enunciados.

Meu sorriso não é o mesmo
Mas eu nunca gostei de sorrir mesmo.

Vou comprar uma caixa de chocolates
E um suco natural de laranja.
Preciso cuidar de mim mesmo, me mimar.
Tornar meus dias menos doloridos.

Se a dentista não sorrir pra mim no próximo encontro
Eu a mordo.  
terça-feira, 12 de outubro de 2010

É O NOME DA CIDADE

A cidade é grande. É uma campina numa serra.
Estou numa das pontas do mundo. 
E posso vê-lo daqui.

Têm pessoas gentis, pessoas não gentis.
Problemas e vitórias; 
Verdades e mentiras.
Não é uma cidade meu Deus, é um mundo. 
É grande, é grande.

Têm dialetos percorrendo todo o espaço.
É um sonhar acordado.
São dèjá vus múltiplos.

Têm  duas palavras a cidade:
Uma de agricultura, outra de medida. 
É grande, é grande.

Se eu falar mal dela, ai de mim, o mundo termina.
domingo, 10 de outubro de 2010

CAVALOS MARINHOS CAVALGAM PELO AR NO MEU QUARTO (MADRUGADA)

Cavalos marinhos cavalgam pelo ar no meu quarto.

Alguma coisa não me deixa dormir.
Ela me perturba com agonias:
Era um passado de outra pessoa.
Era um monte amores perdidos, e eu só tenho um.
Era um castelo medieval explorado e só fui até São Paulo.
Era uma música entendida em francês, e eu só no português.
Era uma luz no meu quarto escuro.
Uma gota pingando no dia mais quente do ano.
Era um riso no funeral.
Era ninguém lamentando por todo mundo.
Eu me via em outros.
Eu não sei o que é:
Se é poesia de morto,
Se é música de vivo.
Só sei que são três horas da manhã, e eu preciso dormir.
sábado, 9 de outubro de 2010

DOIS VOCÁBULOS, DUAS PALAVRAS, UM NOME (Um nome por vez.)

Estou me reconhecendo,
É como se meu nome, agora, passasse a ter mais sentido pra mim.
Sinto meu nome no meu rosto, nos meus olhos.
Coisa que não sentia antes.

Na conta certa da música ambiente.
Tenho dois nomes, em nível de pronúncia.
Um francês,
Um inglês.

Mas se bem, que vendo de perto. E por dentro.
Dois nomes seriam pouco
para a legião de moradores do meu corpo.

Muitos em um. Mas um por vez.
quarta-feira, 6 de outubro de 2010

NOTÍCIA RETIRADA DE UMA PÁGINA POLÍCIA. (ROXO)

A lágrima salgadíssima que desceu pelo rosto.
Voltou.
Ela tinha uma faca na mão e sangue na roupa.
Era outubro.
E ninguém a culpou quando soube dos olhos roxos.
terça-feira, 5 de outubro de 2010

PRECE Nº 8

Para teu nome na minha vida.
Esquece pai, mãe, Deus.
Esquece-te: infância, adolescência, sonhos.

Estou aqui.
Estou aqui, como quem morre amanhã.
Estou aqui te esperando a vinte minutos.
Como quem espera para morrer amanhã.
Vem logo com a espada numa mão e o escudo na outra.
Vem de cavalo branco, de trem, de mentira.
Vem pelo telefone celular.
Numa mensagem, num recado.
Vem com uma faca e me mata. De mentira.
Me mata que sou só verdade, e não me agüento nisso.

Eu que esqueço meu nome.
Eu que perco minhas chaves.
Eu que atirei uma pedra no céu. Pra ver se caia um anjo.

Se acaso não encontrar-me em casa.
Não me procure nas respostas.
Eu não acredito em respostas.
Eu estou nas perguntas.
segunda-feira, 4 de outubro de 2010

ESPELHO

Espelho, espelho meu. 
Se trinca e mostra o tanto de gente que mora neu.

NO PREPARO CERTO

Bastou um momento em silêncio
para que todos pudessem notar a ausência dele.
Não é dele que eu me refiro.
É a mim.
Alguma coisa sem explicação.

Deus que consome porque sou comida.
E de comida eu entendo muito bem.
Quero servir a Deus no melhor momento.
Não no preparo. Mas posto à mesa.

Não haverá choro nem vela.
No máximo apareço nos sonhos, de figurante.
Enquanto alguém tenta lembrar o meu nome.

Da imagem para o original eu peço:
– Deus come a gente, para a gente virar Deus.
No processo certo que lembra uma máxima,
De comerciais de coisas que ajudam a emagrecer,
“você é aquilo que você come.”
segunda-feira, 20 de setembro de 2010

O MENINO E O TEMPO

O tempo dilata as coisas do meu quarto.
Tem coisa maior.
Tem menos espaço.
Estou maior também. Por fora e por dentro.

Amanhã bem cedinho,
Vejo se acho aquele cd, de anos passados.
Quero fazer experiências com o tempo. E com a música.
Vê se as coisas se transformam
Ao som de Rita Lee,
Ou de Kid Abelha.

Se tudo der certo, viro cientista.
sábado, 11 de setembro de 2010

PERCURSO Nº01

A palavra quer cair,
A palavra treme toda, agitada, ansiosa, hiperativa,

Palavra Balão de São João,
Palavra Bang Jump
Palavra Kamikaze

A palavra em ebulição, fervilha, não suporta mais ficar parada
Ela vai pular,
Ela vai pular.
- Cai palavra,
Cai palavra.

A palavra que agitou todos para permitirem sua queda
Prepara-se, (Treme timidamente, a coragem é maior)
Olha pra cima (Seu compromisso maior não é com o tamanho da queda é com fenômeno).
-Vai palavra,
Vai palavra.
Ela... CAI.
...
..
.
Caiu. Mais um poema é feito.
Mas, não se entristeçam
 A palavra não morreu.
Se transformou em poema,
em sentimento..
terça-feira, 7 de setembro de 2010

O nome menor da cidade.

Andando pelo mundo e perdendo nome.
Andando pela cidade e pelo estado e ganhando nome.
Coisas diferentes se ligam.
Coisas esperam.
Coisas crescendo e engordando: que pode ser sonhos e amores.

Sem título

“Você é mais que um problema
É uma loucura qualquer.” (Desabafo - Roberto Carlos)

Tinha me prometido nunca mais te ver, não assim, encontro marcado.
Promessa feita não pelas coisas ruins que você nos fez.
Foi feita pelo resíduo de amor que ainda restava nas minhas coisas, no meu quarto, no corpo.
...Ainda tinha cheiro de amor nos meus lençóis.

Eu não recusei o convite, ainda mais vindo de um problema seu,
A certeza de que não há volta para o amor de antes. Não me segurou de ir a sua casa,
Ou permitir a sua entrada na minha, depois.
Abri uma janelinha para você entrar.

Eu não te amava pelas coisas mortas,

Amava,
Amava,
Nem sei pelo o que amava.
Ainda há amor, por isso dói.
Esse amor meu que não tem lógica, amor assim de doido
De louco varrido,
Que desconcerta,
Que foge do normal sem querer, ou pensa ser normal,
Mas não é.
quinta-feira, 12 de agosto de 2010

VIVENDO DIFERENTEMENTE (MENTIRA)



É mentira! Não houve amor entre nós,
Falo-me agora: antes vivia numa verdade cega, “pseudo-verdade”
Era amor? Era amor? Ainda cheguei a me perguntar.
Mentira. Mentira.
Tudo não passou de palco.
Atores encenando um grande ato para um público.
Mentira. Mentira. Mentira.

Mas se oriente! Que é mentira.
É mentira duas vezes, uma verdade por trás de um eufemismo brilhante.
Eu minto pra mim, que é mentira
... para esquecer.

Nunca pensei que a verdade fosse tão inútil e tão chata.
Agora que há rotatividade de nomes nas ligações efetuadas do meu celular
Fico eu com a mentira,
Eu num jeitinho malandro, de sapato branco.
Minto e recebo mentiras que os rabos apitam.

A mentira andando comigo,
E
Se Deus quiser nunca mais eu sofro.
Mentira.
sexta-feira, 23 de julho de 2010

AMOR VELHINHO

Um amor velho voltou a bater na porta.

Abri a porta
o mandei entrar e ele subiu pro quarto.
Tirou a roupa e deitou na cama,
Fizemos amor.
O amor velho ficou mais novo, rejuvenesceu.
Mas ainda era o mesmo amor velho,
e depois de algumas palavras pesadas ficou num canto
calado.

Eu pensei em mandar ele embora,
Mas ele dormia tão quietinho no canto da cama.

Ele tem a pele tão formosa, que me faz esquecer
tanta tristeza vinda dele.

Eu venho mantendo a esperança, dele ir embora, à base de músicas e poemas.
Um dia ele morre,
Morre sim, já está velhinho...
sábado, 17 de julho de 2010

DEUS SALVE O REI

O mensageiro trouxe a notícia
Ela vem.
Meu reino todo treme.
Alguma coisa parece que o ameaça.
Ele teme, ele teme.

Mas eu deixo.
Deixo chegar perto,
Deixo até sentar ao lado no trono.
Mesmo por um tempo preciso:
Rei e Rainha.

Ainda está muito cedo para alguém ocupar o lugar da rainha morta.
Mas tenho que tentar.

Vê se a comida agrada.
Vê se a cama agrada.
Vê que rainha é essa.

O reino todo se prepara para a chegada.
Mesmo tremendo, eles todos puseram enfeites nas ruas.
O castelo está limpo, e os serviçais dispostos.
Que tudo dê certo, meu Deus.
sexta-feira, 9 de julho de 2010

ARTE EM PAINT

Arte de viver na arte de ser.
Ser não implica em viver.
Bastaria um sonho para explicar.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

PROTEÇÃO REFLEXIVA

Quem é esse agora,
Que toma minha mão,
E me conforta?

Ele que tem o dom de olhar dentro de mim.
Toma-me com calor e me conforta com um pai.
Quando eu desabo em choro: ele sorrir, pra dizer que não é nada tão sério assim.
Ele entra pela porta, quando ninguém vê.
Conta-me aquele segredo da infância.
Que ninguém sabe.
Que ninguém viu.
Que eu comportei com um príncipe destemido.

Ele parece ser mais velho do que eu.
Ele parece ser mais novo também.
Ele mora dentro de mim.
Será uma alma de um antepassado que insiste em me proteger?
Será Deus pai, cuidando do filho?
Não; não. Ele é...
Ele é...
Ele sou Eu.
Irmão mais velho de mim mesmo.
terça-feira, 6 de julho de 2010

HORA DE DEIXÁ-LO IR (JULHO DE 2010)

Você gosta de Drummond?
Sabe quem é Adélia Prado?
Já chorou lendo Cecília Meireles?
Então para de pensar nele!
Você não o merece. Ele vive a base de poesia.


Você parou o que estava fazendo pra escutar Nina Simone?
E de tarde, num domingo qualquer, mentiu pra seus amigos pra ficar em casa viajando na música de Piaf?
Rita Lee ditou como deveria amá-lo, você a escutou?
Você nem sabe que ele é todo Adriana Calcanhotto...
Ele tem Arnaldo Antunes no sangue, então o deixe ir.
...você não o merece!


Sabe aquele quadro da Menina diante do espelho de Pablo Picasso na parede do quarto dele
Não está lá de propósito, você nem se preocupou em saber o porquê dele.
Ele te ama por um amor diferente, de arte,
E você procurando entender numa lógica banal para tanto amor.


Ele é arte, ele é sentimento, é emocional.
Que lógica infeliz é essa que você tanto quer ver nele.
Deixe-o passar. Ele tem história. Ele tem conteúdo: Poesia e tudo aquilo que é maior que a lógica.


Deve-se fechar os olhos para vê-lo
Deve-se tocar nele para escutar o que ele diz.
Deve-se despir de tudo que é lógico para entendê-lo.
Ou é só esperar ele ir de vez, desta vida,
Como um artista que morre e é reconhecido.
sexta-feira, 2 de julho de 2010

DE PÉS DESCALÇOS

Os espaços estão maiores.
Tanto quanto o tempo.
Parece que estou me perdendo quando olho a minha volta.
Queria correr para algum lugar, mas não sei onde.
Queria que tivesse alguém para me ajudar, pra me proteger de mim mesmo evitando-me perder.

Eu olho para os lados, e não vejo coisas boas.
O que vejo são apenas tentativas de mudar.
Não queria mudar. Mas se faz preciso.

Começo a correr desesperadamente.
Estou à busca de esconderijo.
Estou descalço.
Estou cansado.
Só sei que sou forte e corajoso o suficiente de não desistir tão cedo.
Eu morreria tentando.

Vejo bem longe uma mulher amorosa, protetora e sábia,
Mas quando a vejo melhor ela está de braços cruzados.
Não sei aonde ir. Não quero ficar no mesmo lugar.

Insisto por um dia de domingo, sem pressa, sem medo.
Insisto por alguém que não vem mais. Que morreu.
Insisto por uma música antiga.
E pela esperança de encontrar um abrigo.
quinta-feira, 1 de julho de 2010

AMOR EM VERMELHO



O Amor deu um telefonema,
O outro não atendeu.
Amor mandou mensagem,
O outro não respondeu.



O Amor ficou com raiva, com ódio, com medo.
Mas como era o Amor,
ligou de novo, o amor sempre liga mais uma vez.
Esperou, e foi atendido.
Tudo em vão.
Ninguém queria o amor,
O Outro queria a Paixão, a Aventura; Amor não!
Não!



Eu não entendo muito bem de amor,
Mas só sei que ele está em casa, no quarto, mais vermelho do que nunca.
Vermelho de vergonha, de amor e de sangue.
quarta-feira, 23 de junho de 2010

Estações

(Estou Outono. Caindo minhas últimas folhas no chão. Estou outono, assim AMARELO.)

Os sentimentos são estações na gente.
Primavera, felicidade.
Paixão, verão.
Solidão, inverso
(...)
...
Não confundir as coisas: refiro-me, aqui, as estações de dentro.
Que nem sempre dialogam com o ambiente físico.
Pode-se estar em pleno inverno, e com alguém, juntos, à 40º graus de verão.
Pode-se em pleno Verão Carioca, estar sozinho, em inverno.
...
E “nunca se iludam”:
Não há por terra cigano, vidente, meteorologista
Que possa prever todas as estações.
segunda-feira, 14 de junho de 2010

Insônia, 14/06/2010

Viver é ter problemas. Quando não tenho nenhum sinto falta de algo. Quando tenho muitos ou alguns fortes rezo para não ter mais.

Que loucura esquizofrênica é essa, a de viver? Queria sair correndo pelado pela rua, totalmente nu, descalço de tudo. Livre. Queria fugir e nunca mais voltar, começar tudo de novo em um lugar diferente. Usando tudo que aprendi para não cometer o mesmo erro, outra vez.

Digo erro, porque não sei dizer outra coisa. Digo erro me referindo a amar, ao amor. Vale à pena saber amar? Não sei, ou não quero saber. Quero fugir. Covardemente fugir.

Não tenho mãe próxima, nem pai, nem irmão que compartilhe o sofá durante um filme de seção da tarde. Não tenho nem mais saco para filmes. Queria um apoio forte e firme. Intimo.

Não estou chorando. Estou com medo.

Preciso emagrecer, preciso me cuidar. Preciso de um cachorro, um de raça Cocker spaniel inglês, um como Adônis, meu querido cachorro da infância que morreu, e eu enterrei. Que tomou cidra comigo num réveillon onde todos dormiam. Que até hoje eu sempre penso nele.

Agora parece que vou chorar, mexi em uma ferida ainda aberta: Meu Adônis, meu Tutucônis, meu Gatônis, Tigrônis.

Não quero ver nem falar com ninguém. Está frio. Eu tive um pesadelo ainda agora, onde eu me aproximava, fora do meu corpo, para uma criança que estava na beira da minha cama, me observando, será que essa criança era eu? A criança era pequena, e parecia que me conhecia, me olhava com segurança, enquanto eu de longe ia ao seu encontro, entrando em seus olhos.

Estou triste por inteiro. Não é possível voltar para cama. Não consigo dormir.
domingo, 13 de junho de 2010

pele

minha parede tá riscada.
riscaram minha parede,
pincharam-na toda.
eu, também a pinchei.

hoje é domingo da minha vida,
esse mês todo está sendo domingo.
quando for segunda,
bem cedinho, eu mando pintá-la de branco.

ai, sim. estarei disposto a morar em mim,
de novo.
segunda-feira, 7 de junho de 2010

Virou bagunça

Você não me liga mais.
Estou sem créditos pra ligar para você,
Mando mensagens da internet, e você não me liga.

Mesmo se tivesse créditos não ligaria.
Não tenho a bahianidade de Caetano,
nem consigo me localizar num personagem de Chico.
Estou meio assim, meio assado, meio brasileiro meio americano.
E eu odeio os americanos.

Fico imaginando um roteiro de teatro,
Da minha vida quase vida verdade. Modificada. Modificadinha. Ficaria bom?
Não; Não sabe? Lógico que não. Você nem me liga.
segunda-feira, 31 de maio de 2010

31/05/2010, 23h31

Andei perdendo nome.
Mas sei que ainda há tempo.
Ainda há tempo.
Ainda há.
sábado, 29 de maio de 2010

Duelo estilo 665 (ao som de Caetano)

Aceitado o desafio
(De algo que ninguém ousa lembrar)
O homem desafiado estende a mão
Aponta para o céu
E grita, no mais alto de sua voz:
-Estou cagando pra você!

Do céu, abriram-se as nuvens.
O resto do mundo se escureceu
E outra voz, dessa vez ensurdecedora disse:
- Eu também!

A briga começou
Entre Deus e os homens.
Homem virou bicho, bichou virou homem.
Dentre muitas palavras profanas.
E tudo mudou.

Ai Deus ficou com saudade do homem e fez tudo voltar como era antes.
E o homem respeitou o divino, e o divino entendeu o homem.

30/05/2010 - 02h34

Sinto que a desmotivação começa a se retira dos meus dias.
Estou com sono e sem vontade de dormir. São 02h01 da madrugada. Tenho vontade de chorar por ter deixado as coisas irem tão longe.
Era 18 anos no mundo, eu tinha saído da casa dos meus pais e ganhado um mapa do mundo. Podia ir a qualquer lugar, ou em qualquer pessoa. E resolvi esperar como sempre fiz na minha vida.
Tive medo de início, e depois me deixei levar pela acomodação ativa de dependência, que é a de contar com o outro, viver em comunidade. Que ainda me assusta, dizendo injurias e me mostrando apenas as margens de perigo que é viver no mundo sozinho.
Vejo nas marcas do meu rosto, marcas de meus pais, e me assusto. Nunca quis ser quem nem eles, sempre tive medo de ser igual. Fechados e sozinhos em si mesmos.
Tenho uma mania terrível de temer a opinião negativa ao meu respeito que vem dos outros. Será que é isso viver em sociedade? Eu acho que sim, e por isso estou escrevendo depois das 2h da manhã, num sábado de juventude.
Escrever ainda é um mundo desconhecido para mim. Não sabia que era possível prender o mundo, momentos, e sentimentos em textos concretos. E indestrutíveis. Pelo recurso da web.
Escrever ainda é um processo que não estou habituado, e sofro por isso. Por ser obrigado a escrever. Por encontrar nisso uma saída, e não sair sempre que preciso. Por viver me escondendo de mim mesmo. Por não dizer. Por não me ver, ou por não me mostrar.
Meu corpo parece não saber o que é isso que está acontecendo comigo, deveria ser algo produtivo. No entanto, parece, apenas, uma nova crise, e que vou chorar. E não choro porque a lembrança consola, dizendo o que eu já fui antes de chorar outras vezes, e que cresci muito depois do choro. Mudanças é preciso, é preciso mudar. Eu mudo sempre.
quarta-feira, 19 de maio de 2010

Homem Animal

Homens que se portam como simples animais.
Instintivos.
Comem. Bebem. Caçam. Participam das tradições da raça, instinto plural.
Homem assim:
Homem carneiro,
Homem macaco,
Homem Baleia,
Homem cachorro

Homem quase não animal,
Homem menos que animal,
Vulnerável, doente, exposto a outros predadores.

Homem de bandos,
Homem Plural,
Homem matilha

Homem animal quase homem, domesticado
Homem animal quase homem, fora do habitat natural,um eremita em sociedade .
Homem animal que não é homem, de circo, treinado, acostumado,
Homem usado por homem, em busca de drogas no aeroporto
Homem animal pior, explorador que faz do homem: animal.
Homem arredio, sem defesa, com medo, sem perspectiva de rumo, entre o fogo da floresta e a arma do caçador.

Homem que lati, homem que morde. Que se defende mostrando os dentes.
Homem que cheira o rabo de homem, assim homem cachorro

Homem animal experiência de laboratório, homem rato, camundongo
Homem animal sem sobrenome, homem vira-lata.
Homem animal de raça, tradição maldita que vem dos pais. Influência.
Homem animal de doença, de sarna, de carrapatos, pulgas, de pele caindo, de pele com óleo queimado.
Homem animal perdido na floresta, de tanto faz, de qualquer um serve.

Homem animal que pensa que é homem, enganado por si mesmo.
Homem animal que é animal, do mato, das ruas. O que não vive sem.

Homem animal é menos do que animal, animal não tem escolha nasce e é.
Homem não, homem escolhe, quer se animal ou aceita continuar sendo
Homem verdadeiro é homem crítico por natureza, pode ser ou não homem animal, se quiser.
quinta-feira, 6 de maio de 2010

Momento em letra minúscula

o inferno me detém,
estou morto por semanas.
pequei.
pequei no meu próprio mundo,
onde estaria salvo se quisesse.


impossível sorrir.
impossível amar.
impossível ser humano.

estou dentro do buraco. rato imundo que come lixo.

só aguardo,
e aguardo o juízo final onde a trombeta do anjo maior,
fará tremer o que me resta de carne consciente.

o juízo final nessas horas será o que acabará de vez com a lembrança do que construí
ou me obrigar a refazer tudo, outra vez, de outro modo.
terça-feira, 27 de abril de 2010

IGNIÇÃO (FILOSOFO FRÃNCES)

Ignição (filosofo francês)


o tédio toma conta das minhas mãos e cabeça.
tento remediar e leio um livro.
livro de filosofo francês, coisa mais moderna. filosofo francês que faz sexo e
diz a todo mundo que o faz. será que ele faz sexo mesmo, meu deus?
o dedo volta a bater nas teclas, e a cabeça volta a pensar:
o filosofo francês não engana ninguém.
sábado, 24 de abril de 2010

estranha habilidade. (espelho partido)

estou partido
quebrado
e nem sei mais o quê.
não entendo meu nome.
não tenho endereço.
não me vem a cabeça o meu sobrenome.

o coração parado no peito
o peito batendo de medo
os olhos confusos.
a boca triste contraída

parece que tudo saiu dos trilhos,
e que de longe vejo o fim desta estrada
acelero, e paro, e acelero. não tem como voltar mesmo.
continuo. continuo. continuo sempre. está condicionado
não me deixando nunca enganar:
viver perigosamente tem suas vantagens,
a chance de poder sair dos trilhos: voar no infinito, ou me espatifar de vez no chão.
sexta-feira, 2 de abril de 2010

DA MORTE À SAUDADE: UM SILÊNCIO DE MINUTOS.

Minha avó viveu de amor.
Amor esse, que pôs uma aliança em seu dedo
e deu mais de dez filhos.
Amou tanto que nem precisou minha mãe falar,
eu senti na saudade condensada que saia de seus olhos.

Ela perdeu seu marido, perdeu o chão, e ganhou os céus.
Não virou anjo, porque anjo ela já era, virou algo mais, virou um sentimento
sentimento que só tem em nossa língua: SAUDADE.

O amor dela que ainda mora nos olhos da minha mãe e dos meus tios me assusta e me dá saudade, também,
como uma hipocondria]
E eu que nem a conhecia,
sinto falta de um domingo no sertão,
de um presente de aniversário,
de uma cédula de 50 reais em meu bolso. Posto discretamente para ninguém reclamar: que é cumplicidade.

Quando o Amor leva um tiro, cai por terra;
Ganha o céu do coração e vira Saudade.
domingo, 14 de março de 2010

!. ?!!. ?. !!!!!!!!

A palavra que falada na minha cabeça, e desceu pra boca - repetida bem baixinho
se errou no papel.
Tinha recebido a prova.
Quis escrever perspectiva, mas escrevi outra coisa, cuja não ouso repetir.
O primeiro r saiu depois do s e o c depois do t: Uma confusão.
O primeiro erro motivou o segundo, ou foi o segundo que surgiu por inveja do primeiro.
Por hora vergonha, e tristeza, nunca fui muito bom com palavras, mas sempre soube essa.

..

...depois que tinha sido corrigido, quando criança, nunca mais escrevi “arrois”

...

Agora não sei, talvez volte a escrever perspectiva em provas, mesmo não tendo mais nenhuma boa.
domingo, 7 de março de 2010

Engordando?!


Ai meu Deus. Eu que sempre fui magro, ainda mais magro uma vez que visto do lado dos meus dois irmãos, grandes e “fortes” irmãos; sempre. Mas de um tempo pra cá as coisas mudaram...

Eu juro que não percebi meu crescimento horizontal. E a gente nunca percebe mesmo, é como um ter um irmão próximo e um distante, o próximo sempre será do mesmo jeito, mesmo tenha crescido consideravelmente, e o distante sempre causa aquele impacto (Tcham).

Primeiro vierem dois volumes na parte superior da minha camisa. Até escutei a infeliz frase peitnhooo. Depois “nossa que bucho”, ou mais carinhosamente “gordinho”.

Mas deixa isso, só deixo um recado no ar, para quem não acredita que é questão de tempo, e tudo pode ser possível (gordo virar magro). Estou de cabeça erguida, peitos (com uma camisa grande para disfarçar) erguidos. Eu vou voltar. E mais forte. E melhor.



Beijos
sábado, 27 de fevereiro de 2010

Fevereiro de 2010

Nunca houve heróis no meu mundo. Mesmo querendo questionar cenicamente o que era seria a mancha que se movia no céu, dramaticamente: é um pássaro, um avião, não é o Super Alguma Coisa, que veio para nos proteger. Apenas vítimas, apenas vilões. Aprendi da forma mais horrorosa que se poderia aprender. Por semanas, em meses, em anos, fui vítima. E vítimas não têm direito a gargalhadas, não riem só choram e são tristes.


Leio Nietzsche e passo a escrever protagonista em vez de vilão e a culpar somente as vítimas, somente elas, como se fossem masoquistas esperando sempre de quatro pela próxima chibata. Tenho medo e sofro como todo mundo, não sou um super homem, nem aquele perfeito cretino que minha mãe planejou para eu ser. Mas não se engane, já deixei de ser vítima a muito tempo, não permitiria levar uma próxima chibatada, eu correria, partiria para cima do agressor, ou até mesmo levaria outra chibatada, se assim quisesse, é claro.

Sofro muito, como todo mundo sofre. Nenhuma dor é maior que a outra, cada dor faz gemer de uma forma diferente em cada pessoa. Temê-la é compreensivo, se entregar também. Só que uma hora a lagrima seca, e se custar, não temam, pensem como eu talvez possa ser até ser positivo, “um homem com uma dor é muito mais elegante”.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

MAIO DE 2007

Não houve traição de minha parte.


Eu tinha 18 anos, era maio, e meu coração acelerou:

Foi um beijo criminoso, foi uma transa criminosa,

Somente eu estava livre para amar.



O que houve foi amor.

Desses instantâneos que ficam pronto em 3 mim.


Mãos na parede,

preservativo foi-se usado,

gemidos recitados,

ora medo, ora dor, mas, mais que tudo, prazer.



Em cima de tudo, indo para longe de tudo.

... ética, consciência, bom senso, não bastaram.

Eu já tinha feito antes, sabia onde pôr,

Dentro de mim, há diversos Eu

apenas o Eu Sensato, predominante no meu corpo,

dizia não faça isso, será horrível.

Enquanto Eu Criminoso dizia vai! E recitava os gemidos.
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
De repente não tenho mais nome, não sou mais eu. Não era para ser tão dramático assim, eu sou bem realista. Mas acho que são as circunstancias que me detém e me fazem se anular perante a vida. Estou doente, não é tão grave a ponto de morte certa, muito pelo contrário é leve o suficiente a ponto de passar-se despercebida.



Meu nariz escorre gotas aceleradas, que por mais que detidas pelo lenço de papel poroso, me faz lembrar de outrora, na infância onde uma mãe extremamente carinhosa o limpava sem lenço algum. Não era para ser tão fácil morar sozinho, pensou que assim diz a vida. Que se mostra sensata e perfeitamente justa, não tenho o luxo de viver feliz somente, sem conflito, em êxtase lícito. Talvez ninguém tenha. Por isso os desastres, por isso as coisas ruins.


A gripe alérgica faz doer meu corpo, meus olhos, me esconder da luz e cego fico perdido. Há quem não se acostume com a escuridão. Eu fico desnorteado.



Mas aqui eis que surge, depois de um salto de energia insana, a premência de respirar. Trazendo-me por um segundo o conforto. Não chega a ser tão ridículo assim escrever sobre uma gripe.


5 de fevereiro de 2010. 22:19h
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

VÍCIO, RELIGIÃO, CEGUEIRA E ALGUMA COISA SOBRE O AMOR

Começou quando disse pra mim mesmo:
Vai amar que se esquece dos problemas.
Fui amando, amando... Esquecendo de tudo.
... do medo que sentia,
... da solidão em que me encontrava,
... do que poderia me acontecer se perdesse tudo.
Mais além: Ama, que se esquece, foi dito,
E eu me esqueci de tudo, das coisas ruins e das coisas boas.


A religião do Amor é Amar.
E o amor foi me cegando. Viciado quis mais e mais.
Coração fechou os olhos da lembrança, e os olhos da cara.


Amor é bobo, mas não é besta.
“Remédio de doido é outro na porta.”
... Amor Novo, só vem depois do Amor Velho.
Sujeira nas unhas da vida: A mesma tesoura da realidade que feriu o Amor limpou.

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