terça-feira, 23 de novembro de 2010

FELIZ ANIVERSÁRIO

Eles levaram tudo que custava algum dinheiro.
Agora só me resta essas palavras no seu aniversário.
Meu maior presente é sentimento aplicado num papal com tinta.
Minha letra é não boa. Mas as palavras de tão pesada fazem-se valer no peso do ouro.
Você pode vender se quiser. Você pode emoldurar e por na parede para todos.
Você pode até rasgar, se preferi.

No primeiro ano não pensava em nós. Era como se estivesse doente da cabeça.
Era apenas dia após dia. Hoje tem aquele lance de ontem, hoje e amanhã.
Não queria escrever sobre amanhã. Não queria nem pensar.
Mas é inevitável, escrever esperando efeito.
Amanhã bem cedinho te mando outro cartão dizendo, pela letra de uma música de Roberto Carlos, que a culpa foi sua.
Sempre estive do seu lado. Mesmo certo. Mesmo em João Pessoa na casa da minha tia.
A que você acha doida e dramática, você diz que toda minha família é.
Mas é você quem adora um drama.


Por fim. Está tudo bem comigo.
Um feliz aniversário, de alguém que te ama na lembrança do existir.

DISPARADA DO AGORA

Se arrependimento matasse, estava condenado à cadeira elétrica.
Andar pelas ruas sem nada nos bolsos e na mente foi apenas terapia.
Álcool para limpar minhas feridas: Curar aquilo tudo que estava doente

Estarei desaparecido pelos próximos três meses.
Não importa quantos nomes terei à noite.
Ser livre implica em ser muitos. Ao menos na teoria noturna.

Ninguém para perguntar onde estou.
Andando pelas ruas me sinto livre. Esperando o disco voador no ponto de ônibus.
Não me liguem. Meu celular não atende como antes, ele não toca no fundo do aquário.

Álcool para limpar minhas feridas. Preciso de uma aspirina e muita água para hidratar minha moral.
Um pedaço de panetone duro no almoço é tudo que eu tenho agora.
Um dia sempre teve 24 horas, e só agora isso parece fazer sentido.
Preciso terminar logo este email, o mundo me chamou.
sábado, 20 de novembro de 2010

LEVANTA


Levanta que eu te chamo.
Levanta agora, que te redijo em oração um pedido.
Levanta como levanta para comer.
É comida e bebida que te ofereço.
A palavra que vem de dentro, comível palavra.
Que transborda o quarto, e o Brasil.
País esse religioso que chora por Cristo.
Levanta.
O amor te chama pela minha boca.
O prazer, assim meio grego antigo, é o que nos leva pra o além, e nem estaremos mortos.
quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O CUBISTA DESESPERADO


Os quadrângulos do meu quarto anunciam que sou cubista.
Se pudesse compraria um Picasso,
mas não posso e fico olhando
os quatro cantos do meu quarto.

Tem uma TV quadrada
com um DVD
em cima de uma cômoda,
com gavetas
tudo retangular.

As fotos retangulares,
no mural de fotos retângulo
Na parede retangular.
Fazem-se cenário na minha história de vida
quadrada.
quarta-feira, 10 de novembro de 2010

DONO


Reparastes que o sol brilha mais?
Não vê esse sorriso desconcertante que insistem meus lábios?
O livro de poesia não foi comprado em vão.
Será mais uma história de amor?
Um romance romântico comprado em livraria, que reflete mais do que espelho?

Tem uma mulher que canta nos meus ouvidos.
Uma com voz romântica e antiga.
Seu nome começa com “M” e termina com Bethânia.
Faz-se presente como uma trilha sonora de filme. Romântico.

Vou compor umas músicas e gravar,
Como quem faz uma obra de arte pra humanidade,
Vou cantar a mais linda e nova história de amor.

Vou pegar teu nome e escrever no meu livro
E desenhar teu nariz em algumas folhas de caderno, para dar movimento.
Vou deixar teu nome como primeiro contato na minha agenda.
Tudo isso
Mas se ousar dar um passo fora da história
ou interagir com personagens efêmeros:
Uso fogo pra acabar com tudo
Não caberia destinos tão cruéis para os meus protagonistas.
Não haveria obra, nem muito menos correção.

Se quiser posso te deixar na história,
Feita pra boi dormir, ou um romance vanguardista com novos estilos.

Dou-te uma flor e tu me dás um beijo.
Levo-te de noite pra outro mundo, enquanto o mundo explode.
Uma flor eu te dou. Tu me dás um beijo.
Só basta isso, e isso talvez nem rime.
quinta-feira, 4 de novembro de 2010

DRUMMOND NÃO DISSE (E AGORA CAMILLA?!)

E agora Camilla? A lágrima desceu, secou.
O riso cessou.
O ônibus demora.
Você me olha e não diz nada.

E agora Camilla?!
E agora, E agora?
E agora nada.
E agora nunca.
Foi tudo Theato, com th?
Foi tudo mentira pra criança ir pra cama?

A professora correu.
A turma comentou.
Você cessou.
Mas você não cessa.
Se você corresse.
Se você ficasse em casa os finais de semana.
Mas você não fica.

E agora Camilla?!

Camilla. Olha.
Lá vem o ônibus.
Camilla você quer ir no ônibus.
Camilla?!
Que ônibus?
Camilla.
E
Para onde?
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