sexta-feira, 22 de julho de 2011

CARTA PARA A PESSOA QUE ME FEZ ESQUECER MEU NOME


    Oi "Amor", mesmo sabendo o tanto que eu fui ridículo e imbecil essas semanas que trocamos mensagens, eu juro que acreditei que tudo aquilo eu sentia era verdade.
    Eu disse tudo sabendo que no amor não se pode dizer tudo, ... “sempre é preciso manter os três centímetros de distancia do outro” (vi isso num filme de seção da tarde), depois de uma investida, e esperar o feedback para poder prosseguir, afinal adentro de um amor, deve-se acompanhado.
    Sou um homem simbólico, você também é; mas não nota muito. Eu sempre zelando pelo romantismo de merda moderninho ultrapassado, e você correspondendo... E eu quase disse eu te amo (ao menos tive vontade) para uma pessoa desconhecida, acreditando fazer parte de uma história maior, escrita sei lá por quem, por Deus, Buda, ou uma vaca escritora da Índia que acredita em alma gemia.
Eu sou um ridículo, e sempre soube disso, desde que aos 11 anos achei um poema do Fernando Pessoa, e escrevia, mesmo sendo acusado por Ele, cartas de amor ridículas, que nunca foram entregues para sua destinatária, uma menina arrogante e prepotente que eu a achava incrível pelo seu ar frágil de superioridade.
    Não se sinta uma pessoa culpada por não corresponder a esse meu amor extravagante e apocalíptico, a culpa de amar, aqui é minha. Sou eu que mesmo depois de ter aprendido tudo sobre o amor romântico para uma monografia furada, ainda insiste em se apaixonar, e se entregar a essa fome maior, que é se apaixonar do nada.
    Talvez isso aqui não passe de apenas uma confusão barata de um homem carente que esperava uma resposta, ou uma música performática na voz de Maria Bethânia imaginada por mim. E que seja, pois viver é isso também, é ser louco um pouco.  
    Juro a mim mesmo, ao meu coração mole e doido que:
Vou pensar menos em sua boca;
Vou parar de olhar de minha caixa de email atrás de alguma notícia sua;
Vou parar de questionar se meu celular está sem área e
Vou seguir a diante.
Mesmo desejando ficar ao seu lado por toda noite, dormindo e acordando essa verdade mentirosa que é o amor.
    E basta para tanto sentimento, chega! Não é festa, não é carnaval, não é sexta a noite de alguém que dormem mais tarde por não trabalhar aos sábados, não é nem feriado nacional.
    Só sinto que fizemos um grande e bonito castelo de cartas, onde eu pus as minhas mais íntimas, e você só as marcadas, pois quando o vento do litoral soprou, as suas que caíram primeiro, derrubando por ausência de alicerceis as minhas que ainda tentaram se segurar, antes da história acabar. E acabou.


Pernambuco, 23 de Julho de 2011
A.D.

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