terça-feira, 20 de outubro de 2009

ROTINA LOUCA

“Quem quer o impossível, tem no mínimo muita coisa.”


De manhã a luz que entrar gritando ensurdece meus olhos, e me acorda. Moro num lugar qualquer no mundo, aonde os primeiros raios solares chegam, diferente dos outros lugares, por volta das 5h e pouco do relógio do meu celular. Nesses instantes que, (acredito ser o melhor momento de dormir, pois tudo permanece em silêncio) meu sonho é violentamente interrompido, jogando-me num mundo sujo e dolorido (viver dói, como dói amar, ser feliz e ficar triste, odiar ou ser odiado, etc...) sempre me levanto pensando e tentando recordar de todos os detalhes do sonho, que fez sorrir mesmo sendo desta forma acordado. Perco sempre quase toda a manhã. Depois de me arrumar com a presa dos solteiros, abro a porta saiu e entro no mundo.

O mundo é grande, constatou Drummond, o poeta que se encabulou com a pedra que tava no meio do caminho dele, o que ficou lá olhando pra ela, estático, de vez de tirá-la do caminho ou a contorná-la. Nossa geração pós Madonna, deixa bem claro a mensagem coringa: Ande meu filho, se tiver uma pedra pequena chute! Se for média, empurre-a! Mas se for muito grande, escale-a como todo o charme e esportividade, e quando estiver lá em cima tire umas fotos pra por no seu Orkut! Geração esta, que se vier uma cobra e tiver com um pau na mão, chama uma galera, faz-se uma bandeira com o pau, dizendo salve a fauna, e acaba virando notícia no jornal nacional, - “JOVENS PROTESTAM PELA DEVASTAÇÃO DA MATA ATLÂNTICA.”.

Saio de casa torcendo pra chegar à faculdade (cidade violenta), e passo a aula inteira rezando para a aula acabar logo. Brincadeira... adoro assistir aula; mas de manhã me dá um sono. Minha vocação boêmia acaba comigo. Adoro olhar para os detalhes, passo o intervalo das aulas (em momentos de solidão) capturando todos os pequenos acontecimentos, pode até parecer loucura, mas tem tanta coisa linda, que não valorizam, como, as formas quase que perfeita das salas de aula em relação aos azulejos e as outras salas, quadrados, retângulos, triangulações por toda parte,... ou até mesmos as cores vivas das árvores, que sujem depois do muro branco, aumentando o contraste, do branco das paredes, com natureza que brota da terra com a cor do céu. Acabo delimitando meu mundo particular, meu só porque foi desprezado pelos demais observadores.

De volta, em casa, depois de tudo que tinha que fazer e fiz (ou que agendei pra mais tarde), desabo na minha cama. Dando-me uma hora e meia de ócio sagrado, quase um culto a Orfeu ou Dionísio (Porque costumo sonhar nesses momentos, sonhos terríveis para maiores de 21 anos).

Depois das 17h e pouco: Refeita a rotina, pois faço duas faculdades. Já em casa olho meu Orkut, reviso algumas coisas importantes vejo alguma besteira na TV, para descontrair o cérebro, falo alguma coisa a Deus (como fala minha mãe ou minha avó), coisas do tipo: hoje foi difícil, ou me dá paciência Pai, ou mesmo me afasta daquela nojenta que se acha mais que a Rainha de Sabá, ou me protege oh! Deus, me livra de todos os maus; e adormeço.

Duas faculdades são peso, tudo dois: duas vezes amigos, duas vezes ónibus, duas vezes provas e trabalhos, duas vezes pessoas que eu acabo odiando, e duas vezes orgulho de mim mesmo, por terminar as unidades das universidades com notas acima de 7. Como todo mundo que quer sempre mais, para quem não se contenta com pouco, tem que, no mínimo ficar em pé (sentado só às vezes no ônibus indo de um canto pra outro).

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