sexta-feira, 27 de junho de 2014

HUMANO DEMAIS


o que é a morte?
Se não um chamado de partida
Uma doce e terna despedida
onde a valsa termina
onde a noite não finda
que a esperança não brinca
que a luz não ilumina
que vida fica inexoravelmente
insuportável
e no pensamento humano
somente pelo medo da vida
a morte continua
bastaria uma ensinamento indígena
ou um delírio precioso

“nada tem fim, as coisas só se transformam” 
quinta-feira, 26 de junho de 2014

SERÁ EU JOÃO?

Olá pessoa que entende silenciosamente
Não te conheço
Será?

Não foi a tua voz que me lembrou de outro rio
Ou outro Janeiro
Sei lá?
É bom gostar de você
E mesmo que seja ilusão
E que seja

Mas eu quero te ver de perto
Te tocar
Pegar nos teus cabelos
E entender o cheiro deles
E te olhando carinhosamente
Desbravar tua tecnologia verbal
E tua geografia

Quero nem esquecer os outros amores
Quero ser outros amores contigo
Várias vezes em outras certezas


Vamos nos conhecer]
terça-feira, 24 de junho de 2014

UMA GRAÇA

As Coisas aconteceram
Ela tem menos de 300 dólares na bolsa
E um cartão de crédito roubado
O que fazer com um sonho na mochila
Que morre lentamente
E cheira mal
Parece apodrecer
Ou está evoluindo?
Não se sabe

É que ela tem um coração partido também
E esse tadindo
É objeto de arte
Pouco se sabe dele, mas é tão lindo
Eu poderia colocá-lo num aquário
Valeria milhões
Valeria à pena
Uma dor é linda
A dor dela é incrivelmente linda
Nesse tom frio e cintilante
Mas é segredo

E se ela chegar?
E se ela conseguir?
E se ela decolar, de novo
E de novo, e de novo, e de novo?

Ela não pode cumprir ainda
Porque se não ela acabaria
Ela morria com drogas
Ela morria com uma bela tatuagem
Alguma coisa linda sobre o amor
Ela morreria

E seria lindo demais
sábado, 21 de junho de 2014

OUVE-SE POR AÍ

Uma canção tocando sozinha
Ainda faz as coisas vibrarem
E isso basta
Todo música vale a pena
Os surdos escutam com os olhos,
ou com as mãos

Quem não ouve
Quem não quer ouvir
Está morto um pouquinho de si no universo

É uma onda
Que leva tudo na natureza,

Silêncio para entender
Tá vendo só meu amor
Esse futuro presente que você plantou
Não era o que você queria?

Sei que a culpa nessas horas
Ficaria comigo, mas não
Aqui ninguém é culpado

De ruim nessa distância toda
São só as primaveras de apartamento
E todos os invernos solitários

Eu, canto baixinho na cama
E a dor passa
Você não sente, não ouve
É tudo muito cruel pra mim
Mas esquecer seria bem pior
Eu sei

O mar é tão lindo
São só dois passinhos
E o sal pode limpar tudo de ruim
É só tentar

Pra terminar
Uma letra
Um voto
Um sentimento
Os olhos no vazio vendo o que não é aparente
Que está no ar
E o ar
Está em tudo

[boa sorte, desejo o avesso disso tudo.


quinta-feira, 19 de junho de 2014

AMOR MEDEIA

Quem pode entender o ciúme de Medeia?
Se ela antes só era amor
E se amor chegasse a doença do ciúme
A luz das crianças não teria saídos dos olhos
Quero chorar porque eu sei de tudo
Quero chorar porque escapei
Mas não posso
A vida me pede um desenho animado e coloco
Depois riu um pouco
Então entendo tudo de novo
E nova verdade me faz perceber que tudo
Era mentira
E eu escapei
Fico grato, sozinho

Com minhas crianças.
sexta-feira, 6 de junho de 2014

GERTRUDE STEIN

Dormi de meias dormi de meias novas meias novas de meias dormi novo dormi de novo e de novo dormi. Eu não dormi com a Gertrude Stein.
quinta-feira, 5 de junho de 2014

NA IDADE DA IDADE


Na idade que mal não era mal 
e só era um nome qualquer
Existíamos
Éramos eu e você
Entre sorrisos e felicidades
Árvores e água fresca 
Mas era tudo um pé no saco
E hoje podemos sair a noite

-graças a Deus.

RECEITA PARA POUCO AMOR

Invista um pouco de medo
Saia de casa e faça alguma coisa
Com outra pessoa
Use seu figurino predileto
Aquele que você fica melhor
E melhor se movimenta
É importante andar naturalmente
Como se estivesse pelado
E se a outra pessoa te fizer feliz
Fique um pouco mais
E depois vá embora
Por fim, beba um copo d’água
E fique pelado na sua cama

Pronto. 
(repita os procedimentos caso os sintomas persistam) 

SEM CULPAS

O que os céus têm a ver com isso?
Se é pra inventar, deixa que coloco a cor
O passado num copo passa bem mais rápido
Só não adianta esquecer tudo

Pra que incendiar as torres mais altas
Se dela vemos o por do sol
às vezes eu choro e às vezes não
E não quero pensar nisso agora
É tempo de mudança

Mas podemos ser azuis
Ou como é mesmo? Amarelo-limão
Os planos de amar
Ou do mar, os ventos ditam
Podemos terminar

Vamos nesse ponto final, amor. 
segunda-feira, 2 de junho de 2014

CARTA

Rio de Janeiro, 02 de junho de 2014 - 04h10

Meu amor,

Mesmo que eu ache cafona começar qualquer coisa com meu amor, eis me aqui. E sigo assumindo meu lado cafona, que acha lindo o vocativo “meu amor”. Escrevo aqui, justificando algo que está prestes a acontecer. E embora não seja de meu costume a justificativa, nem pretendo te mostrar esse texto, quero intimamente que o leia, que entenda o porquê da coisa toda. O porquê que não continuar nesse caminho.

Você é uma pessoa feliz que procura o equilíbrio, a paz interior, e o bem estar na sua forma mais ampla, bem como a harmonia com a natureza e os animais. Eu não. Eu sou por natura o próprio colapso de uma existência. Um delito aos bons modos de viver e interagir com o resto. O resto que, especialmente, não me interessa.

Nos envolvemos de uma forma tão linda e romantizada que por si se guarda e se protege de toda e qualquer forma de condenação ou julgamento. Me olhaste, te deixei me olhar. Te conversei em tudo. Te segui. E nos beijamos. E o mesmo beijo apaixonado que serviu de inspiração, se apresentou no repúdio (para alguns, carnavalescos, juro) e norteou todo resto, até este meu entendimento.

Saiba que pra mim nunca foi fácil. E embora eu tenha 25 anos assumo essa posição, de que a vida não foi fácil e que continuará por um tempo. E poderia ser pior, como foi pra muita gente, e de tantas que será. Mas cada travessia só acontece com a quantidade permitida, e sei que muitos não carregariam. E mesmo esquecendo nos momentos de tristezas e cansaço, eu sei, sou forte, e pior sou romantizado. Tenho o vicio boêmio da narrativa que precisa construir as paredes e descrever os sentimentos. Ninguém é assim, né? A não ser os loucos, lembro bem das mentiras épicas do meu tio esquizofrênico, que tornava a monotonia do interior em autênticos roteiros de filmes policiais- acho que é por isso que gosto da comparação da minha “espontaneidade” com a loucura.

E a equação eu garanto aqui, você está no auge das coisas, conhece países, pessoas e tem suas paredes reais. Eu não. Eu tenho somente o reflexo de correr e o compromisso de não esquecer dos meus traumas, pois em algum momento os terei que superar.

Não posso compartilhar de um sorriso seu plenamente. Ainda não sei sorrir direito, socialmente. Preciso do álcool, preciso da música, preciso de conforto. Como feito um bicho quando tenho fome. E reclamo quando dói. Fui educado, é claro. Mas de tudo que passei, a sinceridade comigo mesmo é essencial, necessária para o continuar. É o doce para não chorar. Chorar novamente. E é esse hábito que se instaurou em mim. Não sei amar pouco, ou me sentir pouco.
Sei que sou defeituoso. E você também é. Mas sou consciente, e não faria mal nenhum a você, que tanto gosto. Animal que apanhou não bate, não. Defende do seu pior, pois conhece o lado mais escuro, que se foi despertado ou aprendido. E fazer o jogo de velas para levar o barco na direção que quero de que adiantaria, sabendo do fim ou dos perigos do caminho. Quantos outros barcos não apodrecem no fundo das minhas águas.


Mas também não sou nenhuma tempestade completa. Meus raios não ferem, e em noites muito escuras iluminam e desenham formas no alto, tem sua beleza – me defendo.

Por fim vejo sua beleza, e me rendo. Nossos corpos no encaixe e me rendo. A sintonia das peles e me rendo. Os humores irmãos e me rendo. E me rendendo por completo, espero que você se veja mais evoluído do que eu e me entenda. (Mas que lute, e me tome para você, eu te me dou).

Não posso caminhar sozinho ao seu lado, sozinho não. Mesmo sendo ótimo em longas caminhadas solitárias, não poder dar o grito de help me incomoda. E sei que outros podem tomar posse em funções que exercemos, e até melhores do que nós mesmos.

Por tanto, meu bem, não deixemos o nosso amor para outros amarem, não empreste nossa cama, nossa luz e toda minha poesia. Vamos nos assistir nas manhãs, nas tardes, nas noites e em todas madrugadas. Ou esquecemos de tudo que passou e ignoramos as possibilidades de felicidade, que entre egoísmos e ilusões merecem todo o respeito.

5h14, 
Allan Fernando
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